Iniciativa criada para democratizar o acesso aos recursos filantrópicos no Brasil, a PIPA nasceu de um mapeamento realizado em 2022 com o intuito de conectar financiadores aos movimentos e instituições periféricas com potencial de ação em seus territórios. Identificou mais de mil ações em comunidades espalhadas pelo Brasil, através de 607 respostas de gestores. Como resultado desse levantamento, lançou recentemente o Guia das Periferias para Doadores, que dispõe sobre práticas eficientes a serem adotadas pelos investidores para fortalecer as organizações sociais locais.
De acordo com Nildamara Torres, coordenadora de Pesquisa da Iniciativa PIPA realizada em sinergia com a Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE), “entendemos que para falarmos de uma filantropia estratégica no país é preciso levar em consideração as vozes que estão emergindo das periferias brasileiras e demandando que os recursos cheguem aonde a realidade acontece”.
A fim de contribuir com a chegada de investimento aos projetos que atuam nas bases, o guia destaca três critérios que os financiadores devem levar em consideração: a pluralidade nas equipes, o financiamento institucional — ou seja, na manutenção do projeto e não somente na execução de uma ação pontual — e a transparência de portfólios, apresentando que linhas programáticas apoiam.
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Virada de jogo
Em geral, são os movimentos que fazem busca ativa pelos financiadores. O guia lançado pela PIPA visa inverter esses papeis. A ideia é que os investidores consigam chegar aos projetos que atuam em um contexto de maior vulnerabilidade nos territórios, expandindo o potencial de transformação do capital investido.
“Só haverá o que estamos chamando de filantropia estratégica no Brasil quando transformarmos os pilares que sustentam a doação no país. Para isso os movimentos e coletivos periféricos precisam ser visibilizados e cogitados como prioridade orçamentária pelo setor. É urgente que o campo entenda que as periferias têm as respostas”, afirma Nildamara.